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Tecnologia

Comportas Zanoni aprovadas para combate a incêndios em florestas

Primeira estação de pesquisa em combate aéreo a incêndio da América Latina avaliou seis aeronaves agrícolas diferentes, equipadas com comportas Zanoni. Os resultados indicaram a viabilidade da comporta hidráulica de 13" no combate a incêndios em vegetações de alta densidade.

14/11/2024 ás 07h11

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PROJETO DE PESQUISA

Em julho passado, foi inaugurada a primeira estação de pesquisa em combate aéreo a incêndios da América Latina. Estabelecido em São José do Rio Preto (SP), na sede operacional da Imagem Aviação Agrícola, o projeto foi estruturado em conjunto com outras três empresas de aplicação aérea (Pachu, Produtiva e Vale do Paranapanema), além da fabricante Zanoni Equipamentos e das consultorias SABRi - Sabedoria Agrícola e RTC - Gestão de Riscos e Treinamento.

O laboratório a céu aberto foi implantado para avaliar o desempenho de aeronaves agrícolas no combate a incêndios, medindo a área de molhamento e a deposição dos alijamentos com diferentes tecnologias. Os dados coletados são de grande importância para a atividade, pois a partir deles será possível analisar a eficácia de cada aeronave agrícola para diferentes tipos de incêndio e determinar melhores práticas para o setor.

No primeiro protocolo de pesquisa realizado até o momento no Brasil, foram avaliadas seis aeronaves: Ipanema 202, Air Tractors 402, 502, 602 e 802 e Thrush 510, todas equipadas com comportas Zanoni. Além de auxiliar contratantes (como usinas, agricultores e governos) a compreender melhor as tecnologias de combate aéreo a incêndios, as informações coletadas serão um "case internacional" para discussão sobre o uso de aeronaves agrícolas nesta atividade, já que se trata de um projeto pioneiro em torno da o mundo. A pesquisa mobilizou mais de 50 profissionais e contou com o apoio do SINDAG e da faculdade de agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP).

AS RAZÕES

Existe uma tecnologia de combate aéreo adequada para cada tipo de incêndio e cada vegetação requer uma quantidade de água diferente para controlar os focos. As aeronaves são uma ferramenta auxiliar no combate a incêndios, sendo fundamentais para o resfriamento de áreas onde as brigadas de terra estão trabalhando ou para o alcance de focos iniciais de incêndio em locais de difícil acesso. A eficiência do combate a incêndio aéreo (seja realizado por aeronave multimotor, monomotor ou de asa rotativa) é medida pela densidade/cobertura do líquido sobre o alvo. Em outras palavras, quanto retardante de fogo (seja água ou produto químico) atinge o solo quando é descarregado pelo ar. O principal indicador para sua avaliação é em litros por metro quadrado (L/m²) ou galão por pé quadrado (gal/ft²). A literatura científica determina a deposição ideal de retardante para um controle efetivo segundio cada tipo de vegetação. De acordo com o Sistema Nacional de Classificação de Perigo de Incêndio dos EUA (NFDRS), a cobertura necessária é a seguinte:

·         Campos e gramíneas: acima de 0,4 L/m² (0,01 gal/ft²)

·         Cerrado e plantações de pinheiros: acima de 0,8 L/m² (0,02 gal/ft²)

·         Vegetação arbustiva de alta densidade: acima de 1,2 L/m² (0,03 gal/ft²)

·         Florestas fechadas: acima de 1,6 L/m² (0,04 gal/ft²)

A partir desses parâmetros, é possível avaliar se uma ferramenta aérea de combate a incêndio é eficiente ou não para um determinado tipo de incêndio. Um determinado alijamento de uma aeronave oferecerá diferentes deposições em diferentes locais da área total de molhagem. Assim, não basta encontrar apenas a cobertura máxima oferecida em um ponto específico (ou seja, é impreciso dizer que uma tecnologia de combate aéreo oferece uma certa deposição em L/m² ou gal/ft²). Também é necessário avaliar qual proporção da área de molhamento se enquadra nos parâmetros mencionados acima.

Dito isso, a estação de pesquisa foi criada com dois propósitos: fomentar a profissionalização da indústria (demonstrando a importância dos equipamentos adequados e ajudando a estabelecer um "protocolo de certificação") e apresentar/comparar as tecnologias brasileiras com outros modelos ao redor do mundo.

OS PRIMEIROS RESULTADOS

Após uma semana de trabalho avaliando as aeronaves agrícolas mais populares do mercado brasileiro, a pesquisa encontrou os dois principais indicadores de tecnologias de combate aéreo (área de molhamento e deposição) para cada uma delas equipada com as comportas Zanoni:

  IPANEMA AT402 AT502 THRUSH 510 AT602 AT802
PONTO DE DEPOSIÇÃO MÁXIMA 6 l/m² 5 l/m² 4,7 l/m² 9 l/m² 9 l/m² 9,5 l/m²
ÁREA DE MOLHAMENTO 672m² 1752m² 2608m² 1712m² 2244m² 3339m²
COMPRIMENTO DA ÁREA DE MOLHAMENTO 70m 140m 208m 114m 216m 244m
DEPOSIÇÃO ACIMA DE 0,4L/M²  288m² (43%) 1348m² (77%) 1960m² (75%) 1520m² (89%) 1948m² (87%) 2412m² (72%)
DEPOSIÇÃO ACIMA DE 0,8L/M²  200m² (30%) 1120m² (64%) 1336m² (51%) 1300m² (76%) 1640m² (73%) 1700m² (51%)
DEPOSIÇÃO ACIMA DE 1,2L/M²  172m² (26%) 852m² (49%) 908m² (34%) 1032m² (60%) 1320m² (59%) 1268m²  (38%)
DEPOSIÇÃO ACIMA DE 1,6L/M²  100m² (15%) 540m² (31%) 576m² (22%) 672m² (39%) 936m² (42%) 844m² (25%)

 

AS PRIMEIRAS CONCLUSÕES

Após a primeira etapa do projeto, algumas conclusões interessantes foram encontradas para contribuir com a aviação agrícola brasileira e o uso de “SEATs” ao redor do mundo, destacando-se: (1) a total incompatibilidade do sistema padrão de aeronaves agrícolas para este trabalho; (2) a possibilidade de utilização de aeronaves menores para controle de incêndios em vegetação de baixa densidade (3) o potencial de ótimos resultados com comportas transversais/híbridos.

Em vários países do mundo, incluindo o Brasil, ainda é comum ver a tentativa de realizar o combate aéreo com caixas de alijamento comuns. O fato de alijar água da aeronave leva a crer que isso contribuirá para o controle do fogo. Mas se não atingir o volume de deposição necessário, seu uso pode significar não apenas perda de tempo e recursos (já que não gerará resultados significativos no controle dos incêndios), mas também gerar efeitos contrários. Se a quantidade de água ou retardante alijado pela aeronave não for suficiente, a massa do líquido pode apenas “empurrar” mais oxigênio em direção ao fogo e aumentar ainda mais sua força. Um dos resultados encontrados pela pesquisa foi que as caixas de alijamento comuns dos principais modelos de aeronaves agrícolas não oferecem eficiência para esta atividade. O volume de água encontrado nos coletores após cada operação desse tipo foi insignificante, sendo impossível até mesmo medi-lo. Assim, é importante que o setor aeroagrícola esteja ciente da necessidade de equipamentos adequados para realizar este tipo de serviços, sob o risco de denegrir a imagem do combate aéreo e diminuir a procura por este tipo de tecnologia.

Um segundo achado interessante da pesquisa foi relacionado ao uso de pequenas aeronaves agrícolas. Há alguns anos, o uso de aeronaves a pistão (como Embraer Ipanema e Cessna 188) para combate a incêndios é comum entre os agricultores brasileiros. Embora sempre houvesse uma discussão teórica de que aeronaves de pequena capacidade não seriam eficientes para esse serviço, durante todas as temporadas de seca eles vinham realizando essa tarefa. Os dados levantados pelo projeto indicaram que, com os equipamentos adequados, uma aeronave de 200 galões pode sim ser viável no controle de queimadas em pastagens e lavouras. A partir dessas novas tecnologias, passa a ser viável o uso da frota de mais de 1.500 aeronaves brasileiras de pequeno porte para proteger fazendas em todo o país contra o fogo (desde que elas ofereçam todos os requisitos de segurança para essa atividade e estejam devidamente equipadas).

Por fim, a pesquisa indicou que as comportas de abertura transversal (porta única) podem oferecer excelentes resultados e são adequados para combater incêndios em vegetação de alta densidade, como cerrado, florestas tropicais e plantações de eucalipto. Países com setores públicos mais fracos e com menor orçamento estatal têm se destacado por desenvolver um modelo de combate aéreo diferente dos países do hemisfério norte (onde os contratos geralmente são governamentais). Na nossa realidade, esta atividade tem sido impulsionada pelo setor privado, onde vários agricultores e empresas do agronegócio têm contratado os serviços de aplicação aérea para proteção de lavouras e florestas particulares contra incêndios. As comportas maiores com apenas uma porta se encaixam perfeitamente para essa demanda: além de oferecerem um excelente alijamento para combate a incêndio em vegetação de alta densidade (com comprovação científica para este trabalho), são compatíveis com o sistema agrícola e trabalhos para aplicação de líquidos e dispersão de sólidos. A rotina dos pilotos agrícolas nessas regiões, algumas com até três safras ao ano, muitas vezes envolve a pulverização de agroquímicos pela manhã e o combate a incêndios no final do dia, uma realidade que não se encaixa no uso de comportas longitudinais (como as que alguns governos têm exigido sem comprovação científica de sua superioridade).

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