Em 2018, quando a Zanoni Equipamentos participou de sua primeira Convenção da NAAA (instituição semelhante ao SINDAG), a fabricante brasileira de tecnologias de aplicação aérea levou para os EUA um de seus atomizadores rotativos (hoje esse é o tipo de tecnologia de aplicação mais utilizada para pulverização aérea de inseticidas e fungicidas na América do Sul). Naquela época, a família Hatfield (seus parceiros na América do Norte) os colocaram em contato com um dos maiores especialistas em controle aéreo de mosquitos nos EUA.
Operador agrícola na Carolina do Sul, Al Allen fornece serviços de aplicação aérea para agricultores na Costa Leste com seus Air Tractors e Thrushes. Além disso, também vem trabalhando nas últimas três décadas com o controle de mosquitos usando sua frota agrícola e seu Piper Aztec, realizando serviços de prevenção e resposta a emergências para municípios da Carolina do Sul e do Norte.
Após algumas sugestões do proprietário da empresa Allen Aviation à Zanoni Equipamentos, a fabricante brasileira fez alguns ajustes em seu atomizador e enviou o primeiro equipamento para trabalhar com mosquitos nos EUA. Junto com um fabricante americano de produtos químicos, Al Allen realizou vários testes com o atomizador para ter certeza de que daria bons resultados. O desempenho do equipamento, desde 2020, tem sido muito positivo, oferecendo o espectro de gotas preciso e necessário para a aplicação de adulticidas.
Com o feedback da primeira experiência, Mark Grahek (responsável pela gestão dos produtos Zanoni nos EUA) viu uma oportunidade de ajudar o mercado norte-americano com este novo produto: “Encontramos uma opção de melhor qualidade e mais acessível do que anteriormente disponível no nosso mercado. Os atomizadores Zanoni, além de oferecerem melhor qualidade de aplicação, possuem durabilidade superior, o que garante menor custo de manutenção ao operador e uma longa vida útil sem comprometer o equipamento”.
Desde então, a Turbine Conversions realizou diversos testes com o atomizador Zanoni em parceria com operadoras de mosquitos nos EUA (além de diversas pesquisas científicas para o controle de pragas florestais no Canadá). A mais recente delas foi com a Vector Disease Control International. Com sede no Arkansas, a VDCI foi fundada em 1992 para fornecer programas completos de Gerenciamento Integrado de Mosquitos (IMM), projetados para proteger a saúde pública por meio do controle de mosquitos e vetores de doenças, utilizando produtos e estratégias cientificamente e ambientalmente corretas. A empresa hoje atua em mais de 20 estados e no exterior, atendendo municípios, distritos de combate a mosquito (um tipo de instituição regional que existe em diversos locais no país, sendo responsável por controlar vetores em um grupo de cidades), comunidades e associações de moradores, campos de golfe, instalações industriais, governos estaduais e nacionais e para o exército.
Dentro de sua ampla gama de serviços, a aplicação aérea se destaca por permitir o tratamento de áreas muito grandes, densas ou perigosas para equipes que trabalham em caminhões ou a pé. A empresa destaca que essa é uma ferramenta crucial para cenários que possuem uma janela de tratamento pequena e quando uma ameaça se torna muito grande.
O novo projeto liderado pela Turbine Conversions partiu de conversas entre Mark Grahek, Broox Boze (diretora técnica da VDCI e também da American Association for Mosquito Control, AMCA) e Lucas Zanoni (responsável pela P&D e negócios internacionais da empresa brasileira). Após uma breve reunião online, Mark e Lucas levaram a VDCI para um encontro virtual com especialistas brasileiros para troca de informações entre os setores, em conversa com Julio Kampf (presidente do IBRAVAG), Gabriel Colle (diretor executivo do SINDAG) e Eduardo Araújo (consultor do SINDAG atualmente responsável pela promoção do controle aéreo de mosquito no país).
Além de ajudar os brasileiros com estratégias para ampliar o uso de aplicações aéreas no controle de mosquitos, a empresa americana agora ajudou a fabricante com a realização de um protocolo de pesquisa em campo. Realizada no estado de Utah no final de abril, a clínica de aeronaves avaliou o espectro de gotas dos atomizadores Zanoni em um Navajo Chieftain e um Piper Aztec. Os testes de calibração com os atomizadores Zanoni M14 mostraram que eles foram capazes de atender aos requisitos das bulas de adulticidas (Dv0.5 <60um e DV0.9 <115). Boze nos deu suas impressões sobre os resultados:
“Este é o padrão de espectro de gotas que precisamos para o controle de mosquitos. Gotas muito pequenas, para garantir que haja um grande número delas no alvo (ou seja, uma grande densidade). É assim que conseguimos matar os mosquitos e garantir uma aplicação aérea segura”.
A equipe da VDCI também nos deu mais detalhes sobre as especificidades e requisitos desse tipo de trabalho, que exige coordenação com as autoridades locais (por motivos sanitários e ambientais) e comunicação com as agências de aviação locais (já que os pilotos sobrevoam áreas urbanas). Mas, apesar de ser um tipo diferente de aplicação aérea, possui muitas características semelhantes à aplicação de defensivos agrícolas:
"Primeiramente, precisamos determinar quais espécies estamos tentando controlar. Em seguida, um mapa detalhado deve ser utilizado para revisar a localização exata em que a aplicação é desejada. Em seguida, uma revisão de qual produto está sendo considerado para aplicação. Uma vez que o produto é determinado, os aplicadores aéreos revisarão seu plano de voo para garantir que a missão dispense a quantidade correta de produto químico da aeronave para não exceder o tempo alocado. Durante todo o processo, a equipe de controle de mosquitos deve responder a todas as perguntas, abordar todas as preocupações e manter uma comunicação clara com o cliente. Compreender as condições ambientais de uma área é uma parte importante para completar uma missão bem-sucedida".
Este projeto, como muitos outros nas últimas décadas, faz parte de um longo processo de cooperação entre as indústrias de aplicações aéreas dos dois países irmãos. O Brasil vem recebendo muitos Air Tractors, com quase cem aeronaves vindas dos EUA por ano. Isso deu maturidade à nossa indústria e tem ajudado os dois países a voar mais rápido. Com os atomizadores, a indústria de tecnologias de aplicação aérea brasileira agora pode ajudar as operadoras norte-americanas com uma solução melhor para trabalhos de baixo volume. Enquanto isso, toda a experiência e conhecimento trazidos dos Estados Unidos podem ajudar os pilotos agrícolas brasileiros a promover o controle do mosquito no futuro. Esta é uma situação de ganho para os dois lado que deve perdurar por muitos anos.